Nos últimos anos, a palavra “câncer” deixa diversas mulheres sem chão quando ouvem dos médicos o diagnóstico. Depois do momento de tristeza, elas precisam buscar forças até no que não é possível para seguir um tratamento que deixa marcas no corpo e na alma. Essa batalha diária de quem passa pela doença, tem ficado mais leve com a colaboração da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Xanxerê que atua em atividades específicas do tratamento, mas também com atendimento psicológico e terapia ocupacional como forma de levantar a autoestima dessas mulheres. São diversos os tipos da doença e, a partir de hoje, a cada mês a Rede Feminina conta histórias da batalha das Vitoriosas de encarar o câncer de frente e seguir a diante com muito brilho no olhar.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer colorretal abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. Se for detectado precocemente, na maioria dos casos é curável. A maior parte dos casos se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores seria a detecção e a remoção dos pólipos antes deles se tornarem malignos. A estimativa de novos casos é de mais de 34 mil, sendo que desses, aproximadamente 17 mil é em mulheres.
Há 23 anos, Joana Detoni Moreschi, uma das primeiras mulheres a ser atendida pela Rede Feminina de Xanxerê, descobriu o câncer sem ter sentido dor ou algo que pudesse sinalizar para a doença. A busca por um profissional da área médica ocorreu depois que Dona Joana começou a ter dificuldades para ir ao banheiro. Logo com o primeiro exame solicitado, o médico já afirmou que se tratava de um câncer e que era necessário fazer cirurgia. Na época, a Vitoriosa morava em Quilombo e seguiu para Curitiba para fazer mais exames antes da cirurgia. “Fiquei um mês em Curitiba fazendo os exames, mas na hora de fazer a cirurgia, decidi voltar para casa e estar perto dos meus 10 filhos e de toda a família”, explica.
A cirurgia teve êxito e não foi necessário fazer quimioterapia e nem mesmo radioterapia. A Vitoriosa afirma que passou pela cirurgia sem problemas e que se recuperou com rapidez. A única sequela que o câncer deixou para Joana Detoni Moreschi é a colostomia, em que é necessário usar um reservatório (bolsa) para coletar as fezes. Porém, quem conversar com Dona Joana nem desconfia que o câncer tenha deixado rastros psicológicos ou físicos, já que o alto astral e a alegria estão estampados no rosto desta mulher, que não se deixa abalar facilmente. “Para mim não foi difícil, acredito que isso aconteceu porque eu tive coragem e enfrentei a doença. Lá em Quilombo, meus conhecidos falam que eu sou uma guerreira, porque passei por isso e não me abati”, conta.
Mostrando ainda mais força, Joana Detoni Moreschi, conta que depois ainda passou por mais um câncer. Nesse caso, foi câncer de tireoide que demorou um pouco mais para chegar a cura, já que além da retirada dos nódulos, foi necessário ir para Florianópolis fazer uma sessão de iodo. Hoje, a Vitoriosa mora em Xanxerê e está perto da maioria dos filhos e pode ter mais contato com os netos e familiares. “Hoje já não participo direto das atividades da Rede Feminina, porque moro um pouco longe e caminhando não consigo ir, mas sempre que precisei e que participei foi muito bom. Trocar experiências é bom tanto para mim quanto para as outras pessoas”, declara.
Atuação da RFCC em Xanxerê e região
A Rede Feminina de Combate ao Câncer de Xanxerê atua em toda a região, atendendo qualquer mulher, em qualquer faixa etária, com qualquer tipo de câncer. O foco das atividades na sede é trabalhar com psicoterapia, fisioterapia e terapia ocupacional, buscando compartilhar um momento de fragilidade, com informação e carinho. As mulheres portadoras de câncer que participam da instituição recebem apoio integral durante e após o tratamento oncológico.